Cidade dos Piratas: doideira que faz sentido
(São Paulo, brpress) - “Isso não faz nenhum sentido! Quem faz sentido é soldado”. A frase dá o tom do nonsense em que navega animação sobre Laerte e seus personagens.
(São Paulo, brpress) – “Isso não faz nenhum sentido! Quem faz sentido é soldado”. A frase dá o tom do nonsense em que navega a animação A Cidade dos Piratas (2018), que chega aos cinemas em 31/10. Não poderia ser diferente: o filme é baseado na obra e na vida da cartunista trans Laerte Coutinho e do próprio diretor, Otto Guerra, pioneiro da animação no Brasil e cuja trajetória daria uma HQ, em que realidade e fantasia se misturam.
Para se ter uma ideia da mente criativa de Otto Guerra, foi ele que deu vida a amados personagens do cartunista Angeli, contemporâneo dele e de Laerte, nos filmes Rocky e Hudson: Os Caubóis Gays (1994) e Wood e Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’roll (2006). A coisa se repete em A Cidade dos Piratas, sobre os personagens de Laerte que fizeram sucesso nos anos 80 e que, depois de seu criador virar mulher, foram renegados à condição de “machistas”.
Laerte aparece em entrevistas em que é perguntada, muitas vezes de maneira grotesca, sobre sua sexualidade, para conduzir sua jornada de transformação. Essa história dialoga com a de Otto Guerra, que encara a morte após ser diagnosticado com câncer. Cria-se, então, um abismo caótico entre ficção e fatos. Forte candidato à animação mais louca de todo os tempos. Ou, como prefere Otto Guerra, um filme sobre “como chegamos na beira do abismo”.
(Colaborou Maria Carolina Soares)
Assista ao trailer de A Cidade dos Piratas: